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Errar nos faz melhores

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    Lucas Oliveira
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Já deu aquela topada com o dedinho no pé da cama e pensou "como sou burro"; afinal, a cama estava parada. Tudo isso para que, poucos minutos depois, uma segunda topada te faça ver estrelas e querer morrer. Pois é, errar é humano.

Em geral associamos o erro a algo negativo, a evidência de que algo não está indo bem. Sempre lembramos de algo cuja consequencia nos trouxe algum prejuizo. Mas espero conseguir, no final dessa conversa, conseguir te provar que errar pode ser a melhor coisa que já te aconteceu!

Errar é bom

Um grande professor que cruzou meu caminho dizia que:

  • Tudo o que achamos que entendemos do mundo nada mais é que um mero modelo, uma leitura simplificada de um sistema muito mais complexo;
  • que todo modelo está errado por definição;
  • e que apesar de errado, todo modelo tem sua utilidade.

Pouco tempo depois, em uma excelente aula de MBA, aprendi a frase que repito sempre: tudo depende.

"Como essas coisas estão ligadas" - você poderia perguntar

Simples.

Tudo o que achamos que conhecemos do mundo (com exceção talvez de algumas coisas que criamos), só vale em um conjunto determinado (nem sempre conhecido) de circunstâncias. E conhecer essas circunstâncias pode ser tão, ou mais, útil do que conhecer os modelos.

"Nossa, tudo isso parece grego" - imagino que você pensou

Vamos aos exemplos então, começando com um bem simples: andar de bicicleta.

Quando criança, ao aprender a andar de bicicleta, você pode ter imaginado que precisaria pedalar devagar para não cair para os lados. Esse pensamento já é o nosso primeiro modelo do nosso exemplo!

Ao fazer os primeiros testes e ganhar confiança, percebemos que é justamente o contrário, a velocidade ajuda a manter a bicicleta em pé. Mas isso não combina com o modelo que tinhamos, então o ajustamos.

Uma criança mais exploradora pode ter imaginado que é só então pedalar o mais rápido que puder que sempre se manterá em pé. Mas mal sabe ela que em determinados tipos de terreno ou inclinações, a velocidade pode prejudicar o passeio. E ao explorar essas condições, ela constrói um terceiro modelo na sua cabeça que a ajuda a determinar qual é a velocidade ideal de pedalada.

Quem explora essa questão muito bem é o célebre Nassim Taleb em seu livro Antifrágil (denso, mas iluminador!). Ele defende que ao estressar um sistema (com um erro, por exemplo), esse sistema pode:

  • piorar (consequencia negativa, sinal de um sistema frágil),
  • permanecer igual (consequência neutra, sinal de um sistema robusto), ou;
  • se tornar melhor (conseguência positiva, sinal de um sistema antifrágil).

Já percebeu onde quero chegar?

Ao errar investindo, o que fazer?

Finalmente chegamos ao ponto chave desse artigo. Como você lida quando perde dinheiro com algo que deveria te fazer lucrar e te tornar ultra-mega-bilionário?

Boa parte das pessoas que já cruzaram meu caminho assume o prejuízo e toca o barco, segue para a próxima operação.

"Mas peraí... e a melhoria do modelo deles?" - perguntaria o leitor atento.

Pois é... A mega oportunidade de melhoria entregue de bandeja pelo acaso, sorte, Deus, astros, quem quer que seja, foi completamente desperdiçada, e nosso amigo investidor vai continuar errando até que uma hora se canse de investir.

Vamos fazer as coisas do jeito certo então?

Primeiro gostaria de deixar uma coisa bem clara: investir é coisa séria. Não porque seja difícil (como é), ou porque demande muito tempo (como demanda), ou por qualquer outro motivo, mas porque é uma competição entre equipes muito bem treinadas e eficientes que movimentam quantidades de dinheiro assutadoras (bancos, fundos, corretoras) e algumas pessoas comuns. Não estou dizendo que pessoas comuns não ganhem dinheiro investindo por si próprio (até porque eu sou um dos que investem), mas apenas que requer algo a mais.

O que seria esse algo a mais?

Eu divido meus investimentos em dois tipos:

  1. Invisto e esqueço;
  2. Invisto e controlo.

O primeiro, onde aloco maior parte do meu patrimônio por simplicidade, inclui Fundos, ETFs, FIIs, Renda Fixa, e similares. Essas categorias não querem (ou são prejudicados po) movimentações constante. Investir toma tempo. Por isso, o que eu consigo delegar para os especialistas sem abrir mão de muita coisa, faço.

Para o segundo caso, em geral que possui um comportamento de renda variável, uso um processo um pouco menos frágil. Antes de investir, tento justificar (como quem tenta convencer outra pessoa) textualmente, formalmente mas com poucas palavras, porque estou fazendo esse investimento e onde ele vai me levar. Por exemplo, antes de aplicar em uma startup esse ano escrevi:

Investimento em startup visto que estamos em baixa de captação, logo consigo comprar barato. Expectativa de venda em 4+ anos a 5x valor inicial. Risco de perder todo o investimento.

Note que justifiquei, indiquei a minha expectativa de lucro e minha expectativa de prejuízo. Faço tudo isso para que, independente do que aconteça no futuro, eu tenha condições de avaliar minimamente o porquê aquele investimento funcionou ou não. Com isso, terei condições de melhorar meu processo a cada nova investimento encerrado.

E aí? O que achou dessa forma de fazer as coisas? Você usa um processo diferente para melhorar continuamente sua forma de investir? Compartilha com a gente nos comentários abaixo!