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O jogo de interesses do mercado financeiro

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    Lucas Oliveira
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Você já deve ter ouvido a frase "se você não paga pelo produto o produto é você". Mas você já percebeu como isso é comum no mercado financeiro? Você já percebeu como nenhum assessor de investimentos te cobra mensalidade? Você já percebeu como nenhum gerente de banco te cobra por carteira de investimentos? Você já percebeu como muitos influenciadores digitais não cobram para que você veja seus vídeos?

Porque será? Como ganham dinheiro? Quem são? Onde vivem? De que se alimentam? Tudo isso você verá hoje, aqui, no Investir.rocks! rsrs

Não gosto muito de ficar falando mal do trabalho dos outros, a vida já é muito difícil para todo mundo para ficarmos carregando-a mais ainda, mas eu ouvi uma história que me deixou muito triste e eu preciso intervir. Se eu conseguir conscientizar uma pessoa que seja (você ❤️), já ficarei extremamente feliz.

Minha contadora, agora em época de declaração de ajuste do imposto de renda, me contou que estava indignada (com razão) porque um cliente de mais de 90 anos e com bastante patrimônio foi orientado a investir em uma previdência pelo seu assessor de investimentos de uma corretora bem experiente (entendedores entenderão). Menos de 6 meses depois, este mesmo senhor foi orientado a sacar o valor dessa previdência para investir em outro fundo, pagando aproximadamente 35% de imposto SOBRE O VALOR TOTAL DO SAQUE. Ou seja, em 6 meses, o patrimônio de anos dele foi reduzido em 35%. Dureza né? Eu diria que beira a incompetência ou falta de caráter, mas esse episódio é muito mais comum do que imaginamos.

Lembra que quando vamos a agência bancária para falar com nosso gerente (todos os bancos são iguais nesse sentido), sempre somos prontamente ofertados um PIC, um seguro qualquer e mal justificado, um outro produto mágico que nunca ouvimos falar? Pois é...

Conta mais, o que aconteceu com o senhorzinho? Quero fofoca completa!

Não tenho todos os detalhes, porque foi um mero desabafo e a contadora precisa zelar pela confidencialidade das informações passam por ela. Maaaas... consigo deduzir algumas coisas.

  • O assessor recomendou uma previdência erroneamente, pois é um produto que não faz sentido para um cliente de 90 anos. Provavelmente havia uma bela comissão envolvida;
  • A previdência recomendada deve ter sido do tipo PGBL (onde, no saque, o imposto cobrado é sobre o valor total, não sobre o rendimento). Este tipo de previdência só faz sentido se o dinheiro permanecer investido por pelo menos 10 anos e se associado a tabela de tributação regressiva, uma vez que o rendimento e as reduções de alíquotas reduzem drasticamente o imposto global pago;
  • A tabela de imposto optada parece ter sido a Progressiva (menos mal);
  • Os aportes da PGBL são mais eficazes quando feitos ao longo do tempo, ao invés de uma vez isso, uma vez que esse aporte pode ser usado para abatimento do IRPF anual. Sendo feito de uma vez só (sendo uma quantia muito grande frente a renda anual), 90% do abatimento é perdido.

Como o mercado financeiro ganha dinheiro?

Quando era mais novo e estava começando minha vida de investimentos, eu costumava pensar que o mercado financeiro era mais inteligente que todo mundo e usava a sua sacola quase infinita de dinheiro para investir e fazer muito mais dinheiro do que o que eles nos devolviam. Mas quando assisti (já estando do lado das financeiras) o primeiro atendimento logo percebi que eu estava redondamente enganado.

Bancos, corretoras, seguradoras e afins trabalham principalmente através do pagamento de comissões. Quando eles nos orientam a comprar dado seguro, fazer dado investimento, uma parte do que valor que você paga a seguradora volta como comissão para o banco e algumas vezes para seu assessor/gerente/influenciador.

Até aí tudo certo, certo?

Sim, mas as comissões, apesar de altas, não são suficientes para cobrir salários razoáveis. E quanto pior o produto, maior a comissão.

É aí que entra o grande vilão: a necessidade de produtividade, a necessidade de se atingir determinados volume de vendas.

PIC, por exemplo, é um péssimo investimento, se é que podemos chamar assim. A realidade, é que é dinheiro praticamente grátis para os bancos (e muito polpudo para os vendedores). Nele, o banco não precisa pagar rendimento (alguns pagam), apenas realizar um sorteio periódico que não custa quase nada a eles. Praticamente uma loteria. Mas nunca vi um gerente que vende PIC como loteria...

Da mesma forma os seguros. Note, seguro é um instrumento MUITO importante quando usado corretamente, mas se for contratado sem muito critério, só para ter um "relacionamento com o banco" ou sem um fim específico, é lixo. Ultimamente tenho visto muitos bancos digitais vendendo seguros de todo e qualquer jeito, sem nem ao menos um atendente para explicar as condições gerais ou como/se esse produto vai fazer sentido na vida financeira do cliente.

Tá, e os influenciadores?

Os influenciadores normalmente não trabalham com comissão, uma vez que não realizam diretamente a venda dos produtos. Normalmente, eles ganham dinheiro apenas com publicidade e negócios alternativos relacionados (cursos, treinamentos, imersões, merchandising).

Não vejo nenhum problema com o segundo. Até porque, sendo tão preocupados com imagem, esses influenciadores costumam fazer produtos muito bons. Meu problema é com a publicidade...

Já imaginou confiar seu dinheirinho em alguém que tem interesse apenas em vender, seja o que for? Será que as opiniões dela são honestas e livres de vieses? Será que elas se encaixam da mesma forma para todos os milhões de pessoas que as seguem? Já adiantam que a resposta é não. Por mais bem intencionado que sejam, lembra sempre: tudo depende. Precisamos manter sempre nossa anteninha levantada, olhos e ouvidos bem abertos, questionar tudo, estudar muito para garantir que não estamos nos matando para seguir o que para eles é "só mais uma postagem". (Já percebeu como eu faço apenas 1 post por semana? Pois é, conteúdo de qualidade dá MUITO trabalho)

Poxa vida, assim fica difícil. Tem saída?

CLARO!

Existem soluções diferentes para pessoas diferentes, mas eu costumo recomendar a procura por consultoria ou planejamento financeiro. Esse tipo de profissional está se tornando cada vez mais comum no mercado, inclusive em bancos e corretoras (E como tudo na vida, você precisa saber escolher bem para não cair em furadas, tá?). Esse profissional tem o objetivo de entender os seus hábitos, entender o seu padrão de renda e consumo, entender sua relação com o dinheiro, e montar e acompanhar um plano para te fazer ser uma pessoa mais feliz (com suas finanças e na vida ❤️) .

Nós do Investir.rocks! também prestamos esse tipo de serviço e ficaremos mais do que feliz em te ajudar a alcançar seus objetivos financeiros e a te livrar das furadas que a vida de apresentar. Deixe uma mensagem que entraremos em contato!