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Ninguém abre mão do pretinho básico

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    Lucas Oliveira
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Recentemente ouvi um comentário que me intrigou bastante.

Existe muito espaço para falar de assuntos mais básicos de finanças... O brasileiro médio não está pronto para ser confrontado por análises muito complexas, ele precisa de análises diretas e diretivas ou perde o interesse pelo assunto rapidamente.

Não gosto do pessimismo da mensagem, o brasileiro tem muito potencial e capacidade, mas ela acaba tendo um fundo de verdade: muita gente complica demais o tema. E esse problema começa nos assuntos mais básicos... então vamos descomplicar.

Quero melhorar minhas finanças, mas por onde começo?

Sabe quando você está indo para uma festa, e tem que se preocupar em alugar ou comprar uma roupa especial, cortar cabelo, se arrumar, encontrar uma forma de chegar e voltar da festa, dentre tantas outras coisas? Pois é, tudo isso requer um mínimo de planejamento para que dê certo. Senão, você corre o risco de chegar na festa na data errada ou se atrasar tanto que já chega no final (já vi acontecer os dois casos).

Quando falamos de finanças é a mesma coisa. Se queremos atingir algum objetivo (como chegar na festa, curtir muito e voltar seguro para casa) você precisará de um mínimo de planejamento. Não tem problema se nos atrasamos alguns minutos para a festa ou errarmos o nosso planejamento financeiro em alguns reais, mas sem um plano, é pouco provável que as coisas deem certo.

Renda Líquida

O planejamento financeiro pode ser super simples, começando sempre por quanto nós ganhamos, nossa renda. Afinal, não podemos gastar mais do ganhamos, da mesma forma que não faz sentido chegar na festa depois que ela acaba, certo? E não adianta ignorar os impostos e taxas que pagamos, tá? Precisamos considerar a renda líquida. Existem formas de melhorar os impostos e taxas, mas vamos deixar para os próximos artigos.

Gastos

A segunda coisa que precisamos fazer é separar os gastos para ver se eles cabem na nossa renda. Existem regras e sugestões para todos os lados, mas eu percebi que quanto mais simples, maior a chance de não nos perdermos. Por isso, eu gosto de começar tirando um valor para o futuro (investimento e imprevistos), depois pagar os gastos fixos (aqueles que já estão contratados e só falta pagar, como contas de água, luz, condomínio, celular, parcelamentos já contratados e outros), e deixar por último um tanto para os gastos variáveis (aqueles que decidimos ao longo do dia ou da semana, como restaurantes, lazer, presentes, e outros). Tem gente que gosta de dizer que a melhor proporção é 20% para investimentos, 50% para gastos fixos e 30% para gastos variáveis, mas a verdade é que a realidade de cada um de nós é bem diferente.

Vamos falar sobre cada um deles.

Investimentos e Imprevistos

Tiro primeiro o investimento e a tal "gordurinha para imprevistos", simplesmente porque esse é a coisa mais dificil de se fazer. Melhor tirar enquanto ainda não estamos "apertados", né? Isso é o que muita gente chama de "se pagar primeiro". Essa é a única parte que acho importante seguir uma "regra do dedão", e que pode ser aquela de 20%, porque ao se investir assim ao longo de 20 anos é possível aposentar por 25+ anos usando somente os rendimentos desse investimento. Se investirmos mensalmente de menos de 10%, por exemplo, só conseguiriamos pagar a vida mansa por menos de 10 anos. (Considerando rendimento de 5% acima da inflação anual, coisa que o Tesouro Direto costuma pagar tranquilamente).

Sobre os imprevistos, eles são inevitáveis. Então sendo inevitáveis, porque não montar uma gordurinha para não que passemos sufoco? Esse valor não precisa ser muito alto, mas precisa estar adequado ao seu padrão de vida. Que tal fazer o experimento de ver no seu orçamento quantos imprevistos aconteceram no seu último ano? Quanto você precisaria ter guardado para não ficar no vermelho por 6-12 meses? Pois é, essa deveria ser sua reserva para imprevistos. E sempre que sobrar algum dinheiro no seu mês, ele deveria ser reconstituido, afinal, entrar no cheque especial não é uma opção (certo?).

Fixos

Depois de nos pagarmos, é importante quitar aqueles compromissos que já assumimos. Vamos então pagar os boletos de aluguel, condomínio, impostos, telefone, internet, parcelas já assumidas, dentre outros. Lembrando que é super legal se conseguirmos mudar a data desses vencimentos para que fiquem todos no mesmo dia. Assim é muito mais fácil gerenciar essas contas e garantir que não esquecemos de nada. O débito automático também pode ajudar nesse caso.

Variáveis

Por último, deixamos para ver aqueles gastos que não conhecemos e que são mais dificeis de estimar, como alimentação, transporte, presentes,

Para ficar ainda mais fácil, gosto de estimar quanto posso gastar com o variáveis por semana. Assim você não precisa ficar lembrando de números muito grande ou por muito tempo. Basta tirar um dia para ver se deu tudo certo, e ajustar para a semana seguinte. Caso você receba algum vale-refeição, vale-alimentação, vale-transporte, ou similares, ele pode ser desconsiderado da conta tá? Mas dê preferencia a usá-los sempre que possível.

Conclusão

É muito legal falar sobre investimentos, formas de ganhar mais dinheiro, formas de pagar menos impostos, formas de comprar aquele produto mais barato, mas sem um base sólida para controlar os seus gastos, tudo isso não serve de nada. E quanto mais simples e fácil for essa gestão, maior a chance de você não desistir dela em pouco tempo.

E aí? Vamos conversar e montar um plano robusto e simples para gerir seu orçamento? Deixe um comentário abaixo e entraremos em contato.