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LCI, LCA, CDB, CCB, RDB, SELIC, LC, CDCA, Tesouro Direto... 😱

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    Lucas Oliveira
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As vezes o mundo dos investimentos pode ser bastante assustador. São tantas opções que é muito difícil entender e acompanhar tudo! Mas eu vou te contar um segredo: não é tão complicado assim. Essa sopa de letrinhas só existe para te confundir mesmo, mas por trás dos panos tudo se resume a "emprestar dinheiro para alguém que vai te pagar por isso".

Apesar de tão simples, existe UMA distinção que é importante destacar. Entre os investimentos em renda variável e/ou em renda fixa (algumas vezes podem acontecer os dois ao mesmo tempo!).

Renda fixa

A renda fixa é a forma mais simples de compreender. Ela reflete o fato de que o dinheiro vale alguma coisa ao longo do tempo, logo se você empresta dinheiro a alguém, e com isso perde a capacidade de usá-lo por um tempo, você espera ser recompensado por isso. Por isso, você faz um contrato (Sim, sempre precisa ter um contrato, simples ou complexo, automático ou manual!) que determine quanto, quando e como o dinheiro precisa ser devolvido. Muitas vezes esse contrato pode ser automático, como quando "emprestamos" ao Tesouro Direto ou através de algum dos mecanismos regulados pela CVM, mas por vezes precisamos construir um contrato formal, por vezes customizado e complexo para emprestamos, por exemplo, diretamente para empresas ou pessoas.

Normalmente, quando falamos em renda fixa, temos a sensação de ser algo seguro e com quase certeza de que vamos receber o dinheiro, mas não se engane. Todo investimento, até o mais seguro do mundo, tem riscos. Por isso gosto tanto de falar de diversificação. (Não leu ainda?! Dá uma olhadinha aqui) O que causa essa falta impressão é que alguns investimentos em renda fixa são "segurados" pelo nosso FGC, o Fundo Garantidor de Crédito. E é aí começamos a perceber a necessidade de existir essa nossa sopa de letrinhas da renda fixa: para diferenciar os benefícios/malefícios de investimentos específicos.

Para dar mais alguns exemplos, outros pontos que contribuem para a sopa de letrinhas são a existência isenção de impostos sobre os rendimentos de investimentos incentivados (e.g. LCI e LCA), a determinação do objetivo dos empréstimos (e.g. CDB vs CCB), a possibilidade de vender seu direito ao empréstimo para outros (e.g. CDB vs RDB), o risco associado a dívida (e.g. CDCA vs LCA), dentre outros.

Ficou curioso com a sopa de letrinhas? Veja abaixo uma boa lista do que significa alguns dos mais comuns. Existem muuuitas outras siglas nesse mundo, mas existe uma boa chance de você nunca esbarrar neles.

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SiglaNomeEmprestado aObjetivoEmitido porGarantiasPosso vender?Imposto de Renda
CCBCédulas de Crédito BancárioFinanceirasDar empréstimosFinanceirasImóveisSim, mas pouca chanceSim
CDBCertificados de Depósito BancárioFinanceirasFinanciar operaçãoFinanceirasFGCSim, alguma chanceSim
CDCACertificado de Direitos Creditórios do AgronegócioAgronegócioAgronegócioEmpresas do ramo-Sim, mas pouca chanceSim
LCALetras de Crédito do AgronegócioAgronegócioAgronegócioFinanceirasFGCSim, alguma chanceIsento
LCILetras de Crédito ImobiliárioRamo imobiliárioImobiliárioFinanceirasFGCSim, alguma chanceIsento
LCLetra de CâmbioFinanceirasDar empréstimosFinanceiras-Sim, mas pouca chanceSim
RDBRecibos de Depósito BancárioFinanceirasFinanciar a operaçãoFinanceirasFGCNão, inegociável e instransferívelSim
Tesouro Direto-GovernoGovernoGoverno-Sim, boa chanceSim

Renda variável

A renda variável é um pouquinho mais complicada que a renda fixa porque tem alguns novos elementos, mas ela pode ser resumida em uma palavra: preço. O objetivo final da renda variável é comprar barato e vender caro. Isso pode se manifestar das formas mais variadas e malucas possível, como a venda antes da compra, o uso de contratos derivativos/futuros, a consideração de dividendos e custos de capital, mas acredite: tudo se resume a preço.

É muito comum pensarmos em ações quando ouvimos os termos renda variável, mas esquecemos dos FII (Fundos de Investimentos Imobiliários), fundos em geral (até os de renda fixa, uma vez que compramos uma cota "barata" ao entrar e vendemos uma cota "cara" ao sair), moedas, criptoativos, recebíveis, imóveis, carros, TVs, geladeiras, e tantas outras coisas. Dá para dizer que todo ativo transferível se enquadra nessa categoria. Se não é transferível, nem precisa falar né? Não tem preço.

Por mais óbvio que seja, vale mencionar que o lucro (vender mais caro que comprou) não é algo obrigatório da renda variável. Por isso o nome variável. Algumas vezes nossos ativos vão valorizar (como os carros durante a pandemia de COVID-19) outras vezes vão desvalorizar (como aquela ação certeira que o amigo do seu conhecido recomendou de pé juntos). É super importante então ter algum mecanismo para gerenciar os riscos associados a esse tipo de investimento ao longo do tempo. Deja vu, sinto que já falamos disso... rsrs

Por isso gosto tanto de falar de diversificação. (Não leu ainda?! Dá uma olhadinha aqui)

Mas calma...

Ao contrário do que muitos pensam, existem muitos benefícios também direcionados à renda variável, tais como isenção de imposto de renda sobre dividendos, isenção de imposto de renda para venda de até 20 mil reais em ações por mês, isenção de imposto no ganho de capital (de alguns ativos) de até 35 mil reais por mês, acumulo dos prejuízos para abatimento no imposto de renda dos lucros em ativos negociados em bolsa, e outros. Poxa, até seguro para ação existe! (Derivativos e futuros podem ser usados como "seguros" 😉)

Mas e quando é os dois ao mesmo tempo?

Lembra que falamos na renda fixa sobre a possibilidade de transferir seu direito a receber para outra pessoa? Se você emprestou 10 mil e espera receber 12 mil depois de um ano, no meio do caminho você pode decidir "vender" seu direito aos 12 mil por algum valor, digamos 11 mil. Dessa forma, quem comprar seu direito ao recebível, paga 11 mil e recebe os 12 mil no seu lugar (lá no futuro). Todo mundo fica feliz :)

O problema é que agora você introduz um elemento de renda variável (preço) a uma renda fixa (baseada em tempo). Percebeu a mistureba? Ainda bem que já conversamos bastante sobre um e sobre o outro. Agora basta perceber quando você está negociando preço e quando está negociando um empréstimo (com seu quanto/juros, quando/vencimento e como).

Outro exemplo interessante é a previdência. Nele, você introduz elementos de renda fixa (tempo) em um instrumento majoritariamente variável (baseado em preço de cotas e ativos).

Conclusão

Sinto que não falei ainda o suficiente como a diversificação é importante para a construção de uma boa carteira de investimentos. Cada produto financeiro, cada tipo de investimento, cada sigla da sopa de letrinhas possui uma razão de ser e precisa ser introduzida nos momentos certos, nas quantidades certas, para os objetivos certos. Não considerar tudo isso é falhar em capturar todo o valor oferecido nestes produtos, é pagar custos maiores, é pagar mais impostos, é ser pego de calças curtas numa virada de mercado (vale para renda variável E renda fixa).

(Deja vu rs) Por isso gosto tanto de falar de diversificação. (Não leu ainda?! Dá uma olhadinha aqui)

Mas não precisa se preocupar. Hoje existem profissionais capacitados para te ajudar a tomar todas essas decisões de forma assertiva, simples, fácil e (porque não) divertida. Basta existir disposição para entender que não nascemos com todo o conhecimento, não nascemos num país com boa educação financeira, e reconhecer nossas fraquezas e pedir ajuda é a maior força que existe.

E aí? Vamos conversar? Manda uma mensagem para nossa equipe que entraremos em contato.

(Lembre sempre que todo profissional busca uma remuneração. Se você não paga por um assessor/consultor/planejador/gerente, de onde ele ganha dinheiro? Quanto dinheiro ele ganha? Quem é o produto? Tenha muito cuidado com os conselhos que você recebe. Pergunte e se informe.)